quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A bolsa Chanel que eu não comprei

A Malásia é um país barato. Restaurantes, supermercados e farmácias vendem produtos bons e em conta. Existem marcas de luxo e shoppings caríssimos, é verdade, mas o custo de vida do dia a dia é mais baixo do que o do Brasil.

E, talvez por ser tão próximo à China (desculpa aí, China!), na Malásia tem muita mercadoria falsificada. Feiras imensas, organizadas, à luz do dia, vendem óculos Ray Ban, relógios Rolex e bolsas Prada de procedência desconhecida.

Eu não sou fã de falsificações. Uma coisa é a fábrica "se inspirar" num design bacana e fazer uns produtos parecidos, tipo uma bolsa Prado. (Não vou discutir aqui a questão da criatividade e da mania que muitas marcas brasileiras caras têm de "se inspirar" totalmente em designs estrangeiros, mas sem dar o crédito e mantendo os preços altos, embora economizem muitíssimo por não investir em criação, só em copiação.) Outra coisa são os produtos contrafeitos, que querem se passar pelo que não são, e geralmente estão ligados ao crime organizado e à exploração trabalhista.

Fomos passear em Chinatown de Kuala Lumpur. Nas barracas, de enguias a sapos, de ímãs a bolsas Louis Vuitton.


Só que nada tinha preço. Eu fiquei curiosíssima pra saber quanto os troços custavam. Eu explico: há uns anos, ambicionei seriamente uma bolsa Chanel 2.55. Após alguma reflexão, desisti da aquisição porque 1) custa uns milhares de dólares, 2) é uma bolsa de gente rica, e eu não sou rica. Só de amor. Hoje, então, que estou me concentrando naquilo que realmente é importante, itens de grife não me seduzem mesmo.

Aí parei em uma barraquinha, expliquei para o vendedor que era só curiosidade minha, e perguntei o preço da Chanel 2.55. Ele tirou a bolsa do estande e foi me mostrar. Acho que era até bem feitinha, com vários detalhes internos, mas o material era plástico, não pelica, óbvio. E custava 110 myr, o que é menos de 40 euros. A bolsa original deve custar umas 40 vezes mais.

Agradeci e dei um passo para ir embora. Ele disse que fazia por 90. Agradeci de novo e fui saindo. Ele gritou que fazia por 60. 15 euros, gente! 40 e poucos reais!

Quer saber? Não fiquei nem um pouquinho tentada. Se já acho exibir marca um negócio meio cafona, imagina exibir marca sem ter a qualidade correspondente por trás. É tudo do que o minimalismo quer se livrar: se preocupar demais com a aparência, comprar produto de baixa qualidade, consumir para impressionar os outros.

O vendedor ficou falando sozinho.

PS: este não é um post "olhem como sou superior". Sabem o reloginho que eu comprei por 4 euros? Escolhi porque eu não conhecia a marca, então achei que fosse tipo a bolsa Prado ou os óculos Rei Ben. Pois bem: é uma tal de Ice, e ontem descobri na internet essa marca existe e é até bem conhecida. Pelo preço, obviamente é uma falsificação. Sou boba igual todo mundo.

Mas o Leo disse para eu não me preocupar. Ele acha que o relógio mal vai durar até o fim da viagem.

3 comentários:

  1. Há muito tempo passei a comprar bolsas somente das grifes que posso pagar, não comprei mais réplicas ou inspired, pois caí nessa algumas vezes e não fiquei nada feliz...

    Agora com o segundo ano sem compras fico me perguntando porque precisava de tantas bolsas... e nem olho mais nas vitrines, peguei uma para usar até acabar e as outra estão guardadas e serão usadas da mesma forma até que todas terminem.

    Beijos

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  2. Olha, isso me lembra de uma história que oouvi dum amigo que trabalhava com apreensão desses produtos de origem duvidosa que chegam ao país por compras online.
    Acontece que, quando chegam em um determinado local (essa sou eu contando histórias - dá pra perceber que sou ótima, né?!), é feito um teste de resistência no material e comparado ao do original, se for igual passa pro próximo teste, se não fica. Numa dessas, foi encontrada um bolsa LV, com uns monogramas meio toscos (tava na cara que num era original), mas mesmo assim ela foi pro teste e quando feito verificaram que o material dela era umas muito mais resistente que o original!
    Fiquei espantada.

    E olha, talvez seu reloginho 'guente' bastante... vai saber.

    Bj

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  3. Ainda estou na fase do "sonho da Chanel" hehe mas é complicado esse negocio das "inspired". Nunca serão, e a gente gasta dinheiro em uma coisa que não vai entrar no lugar da original. Dinheiro jogado fora... boa :P

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